24 março 2010

O falhanço

CORREIO DE LAGOS – Vamos comemorar, para o próximo ano, os (110???) anos da República. Como é que o herdeiro do trono de Portugal encara uma comemoração como esta?


D. DUARTE NUNO DE BRAGANÇA – Primeiro, gostava de começar por contar uma história que tem uma certa piada. Em 1910, proclamaram a República de Portugal. Mas esquecerem-se que Portugal tinha dois reinos. Um era o de Portugal e o outro era o do Algarve. Ninguém se lembrou de proclamar a República do Algarve nem de extinguir o reino do Algarve. Não há nenhum acto jurídico que o tivesse extinguido. Aqui há uns tempos atrás, tive ocasião de dizer ao Presidente da República, num jantar que tive com ele, em Lagoa, que, além de Presidente de Portugal, era também Rei do Algarve. Caso não fosse ele, então seria eu. Achou muita graça e respondeu-me da seguinte forma; ainda bem que o Dr. Mário Soares não sabia disso!...
Dito isto, penso não haver muita coisa para comemorar. O país, em 1900, estava, por um lado, a meio do desenvolvimento. Hoje, está no fim, dispõe dos últimos lugares dos países desenvolvidos. Atrasamos, nestes últimos 100 anos, 50% do nosso desenvolvimento comparativamente com o resto da Europa. Por outro lado, a implantação da República foi feita por um golpe militar contra um regime democrático. A monarquia da época era democrática. Havia um partido republicano que tinha ganho as eleições em Olhão e em Lisboa. Mas, a nível nacional, dispunha de 7% dos votos. O que temos para festejar, durante estes cem anos, são três revoluções. Uma delas deu lugar a uma da ditadura . Vão-se gastar 10 milhões de euros para se festejar, no fundo, um acto que só prejudicou o país. Se a revolução de 1910 tivesse valido a pena, então porque é que se teria feita a revolução do 25 de Abril? A revolução do 25 de Abril é a prova provada que o golpe republicano de 1910 foi um falhanço.

Sem comentários:

Enviar um comentário